As suspeitas e acusações de feitiçaria são parte integrante da paisagem sociojurídica moçambicana contemporânea. Porém, liberta do olhar eurocentrico, a feitiçaria fornece uma representação importante sobre as complexas redes de saberes que caracterizam Moçambique, incluindo poder e desigualdade, interesses individuais e coletivos, luta pelos recursos, etc.

Maria Paula Meneses é investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Doutorada pela Universidade de Rutgers (EUA) é investigadora visitante junto da Universidade de Paris 8. De entre os temas de investigação sobre os quais se debruça destacam-se os debates pós-coloniais em contexto africano, o pluralismo jurídico - com especial ênfase para as relações entre o Estado e as 'autoridades tradicionais' no contexto africano -, e o papel da história oficial, da(s) memória(s) e de 'outras' narrativas de pertença nos processos identitários contemporâneos.

Joana Sousa trabalha em lugares de diálogo e intersecção entre a ecologia e antropologia e, atualmente, é investigadora no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Fez licenciatura em biologia ambiental (Universidade de Lisboa) e doutoramento em antropologia (Oxford Brookes University). Tem trabalhado sobre modos de vida, perceções de risco, perspetivas sobre a natureza e áreas protegidas e o lugar dos não-humanos na magia e feitiçaria. Desde 2013, foca o seu trabalho em redes de conhecimento e alterações climáticas, em particular para o contexto da produção de arroz de mangal na Guiné-Bissau.