Elisabetta Benassi Io vivere vorrei addormentato entro il dolce rumore della vita [I would like to live asleep within the sweet noise of life], 2022
© Jorge das Neves Mosteiro Santa Clara-a-Nova
Aurélia de Souza Estudo para o autorretrato Santo António, s.d.
© Jorge das Neves Mosteiro Santa Clara-a-Nova
Julie Béna Miles, 2021
© Jorge das Neves Mosteiro Santa Clara-a-Nova
Laura Lamiel Un chant d'amour, 2019–2022
© Jorge das Neves Mosteiro Santa Clara-a-Nova
Mary Beth Edelson Sem título | Untitled, 1973–Present
© Jorge das Neves Círculo Sede
Meris Angioletti Onirocritica #4 – Seeing in the Dark, 2021
© Jorge das Neves Círculo Sede
Ru Kim Olho, Nariz, Boca, Ouvido, Testa, Queixo, Maçã do Rosto, Sobrancelha | Eye, Nose, Mouth, Ear, Forehead, Chin, Cheekbone, Eyebrow, 2022
© Jorge das Neves Mosteiro Santa Clara-a-Nova
Beatriz Santiago Muñoz Oriana, 2021–2022
© Jorge das Neves Mosteiro Santa Clara-a-Nova
Gabriel Chaile Smoke comes out of his nose like a pot boiling on the fire. Job 41:20, 2020
© Jorge das Neves Mosteiro Santa Clara-a-Nova
Lygia Pape Ttéia 1B (redonda), 1976–2000
© Jorge das Neves Mosteiro Santa Clara-a-Nova
Jesse Darling Sem título | Untitled, 2022
© Jorge das Neves Mosteiro Santa Clara-a-Nova
Jessica Warboys This Tail Grows Among Ruins, 2022
© Jorge das Neves Mosteiro Santa Clara-a-Nova
Laura Huertas Millán Journey to a Land Otherwise Known, 2011
© Jorge das Neves Mosteiro Santa Clara-a-Nov

A Biblioteca Joanina — uma pérola do barroco e um tesouro da Universidade de Coimbra — foi edificada como um gesto imperialista que ambicionava encapsular o conhecimento e ostentar o domínio colonial. Esta fortaleza do saber (e do poder) é também o refúgio de uma pequena colónia de morcegos, que encontraram nas suas condições ambientais o lugar ideal para a sua casa. Os insetos e as lagartas presentes nos 55 mil livros da biblioteca alimentam os morcegos, e o silêncio noturno oferece-lhes uma liberdade quase ilimitada. A noite é o momento em que saem do seu esconderijo e começam a trabalhar na conservação daquele espólio. A existência dos morcegos na Biblioteca Joanina serve de centelha ativadora dos nossos pensamentos, e, assim esperamos, dos vossos, que visitam agora a Bienal.

Na conceção crítica da Meia-noite, a noite é considerada como espaço de fluidez, de quebra de normas, lugar aberto a outras possibilidades de visão, de conhecimento, de interação, aberto a outros corpos. É encarada como espaço de resistência e liberdade, lugar político, metafísico e vivencial. Como território onde ocorrem as relações simbióticas de codependência e coevolução entre humanos e outros seres, a noite fascina-nos. Interessa-nos este pluralismo que «transvalora» as categorias normativas universais.

A universidade é, por excelência, um lugar de produção de conhecimento e de estabelecimento do poder. Se as bibliotecas são o epítome de (um determinado tipo protegido de) conhecimento e os morcegos da escuridão, aqui encontramo-los numa relação de mútua dependência. Assim, tanto a biblioteca como o morcego se transformam em sujeitos políticos. Uma ideia central da nossa pesquisa para a Meia-noite foi como questionar a produção de conhecimento corporizada pela Biblioteca Joanina. Como propor epistemologias alternativas? Como aprender com a inteligência dos morcegos? E como imaginar outras formas de interação?

Pretendemos libertar-nos das narrativas e do dualismo normativo do pensamento moderno que fraturam a sociedade contemporânea e geram uma imbricação de discriminações — como o racismo, o classismo, o sexismo, o idadismo, o capacitismo, para referir apenas algumas —, através da utilização de metodologias que nos ajudam a experimentar formas criativas, inesperadas e marginais de produção de conhecimento. Colocámos os óculos de morcego de Coimbra por cima dos nossos óculos feministas e convidámos um grupo de artistas a partilhar as suas ferramentas artísticas e críticas. Ferramentas que multiplicam e ligam mundos e que se situam depois do patriarcado — no futuro, portanto.

Inspirada na noite, esta proposta para a Bienal é uma tentativa de abrir um interstício especulativo, que não propõe qualquer resposta, mas gera muitas questões. Uma tentativa de inventar outros modos de existência, de relação, de ser e de vivermos juntos.

Elfi Turpin & Filipa Oliveira

Programa

Ativação (24)
Horário de Funcionamento: 4ª Feira a Domingo
Convergente (34)
Horário de Funcionamento: Consultar página do evento

Artistas

Meia Noite

Av. Inês de CastroPaço dasEscolasJardim da SereiaR. Ferreira BorgesParque VerdeJardimBotânicoTerreiroda Erva

Sobre

Anozero – Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra é uma iniciativa proposta em 2015 pelo Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, organizada em conjunto com a Câmara Municipal de Coimbra e a Universidade de Coimbra, que assume como objetivo primordial promover uma reflexão quanto à circunstância da classificação da Universidade de Coimbra, Alta e Sofia como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO.

Equipa

Organização
CAPC – Círculo de Artes Plásticas de Coimbra
Câmara Municipal de Coimbra
Universidade de Coimbra

Curadoria
Elfi Turpin & Filipa Oliveira

Diretor-geral
Carlos Antunes

Diretora-adjunta
Désirée Pedro

Direção financeira
Rafael Vaz André | Abilis

Comunicação
Sílvia Escórcio | CUCO

Coordenação de produção
Lisiane Mutti
Nelson Ricardo Martins

Produção executiva
Daniel Matos Madeira
Mafalda Ruão

Apoio à produção
Ivone Antunes

Produção UC
Teresa Baptista

Produção CMC
Isabel Gaspar

Coordenação editorial
Carina Correia

Revisão de texto
Carina Correia
José Roseira

Tradução
José Roseira
Rui Cascais Parada
Alliance Française
Magali van der Monde

Fotografia
Jorge das Neves

Coordenação programação educativa, ativação, convergente
Jorge Cabrera

Programação musical
José Miguel Pereira

Design Gráfico – Direção de Arte
Charles Mazé & Coline Sunier

Assistência design gráfico
Alexandra Oliveira

Programação web
Divisa.

Arquitetura
Atelier do Corvo

Coordenação de montagem
Jorge das Neves

Montagem
Andre Alexandrino
Edgar Massul
Felipe Barbosa
Jorge Simões | T.art
Gabriel Cheganças
Balaklava Noir
João Nora
Marco Graça
Pedro Alves | T.art
Rubene Ramos
Tiago Carnide
Xavier Ovídio

Projeto elétrico
Idálio Marques | LUZTEC

Instalações elétricas e á́guas
Oleksandr Sknarin | LUZTEC
Anjel Tochev | LUZTEC

Serralharia e Estruturas metálicas
João Bento | Metalmiro
Luís Francisco | Metalmiro

Construção civil e manutenção
Carlos Delgado | Odraude
Carlos Rainho | MMS Construções
David Rodrigues | Odraude
João Lucas | MMS Construções
José Catarino | JC Construções
Lúcio Soares | JC Construções
Manuel Marçal Salgado | MMS Construções

Carpintaria
Anthony Alexandre
Móveis e Carpintaria Júlio Pinto

Apoio à programação
Casa das Caldeiras
CAPC
Colégio das Artes
DARQ
Jardim Botânico
JACC

Coordenação de voluntariado
Lisiane Mutti

Coordenação assistente de sala
Diana Santos

Assessoria jurídica
FGRS Advogados (Fernando Reis Godinho e Rui Miguel Simões)

Assistentes de sala
Ana Luísa Nogueira
Ana Marcella de Carvalho
Diana Santos
Hamilton Francisco
Joana Neves Ferreira
Joana Oliveira
João Archer de Carvalho
Manuela da Paz Oliveira
Nuno Tavares Marques
Pedro Flausino Mafra Vaz

Segurança
COPS – Companhia Operacional de Segurança

Limpeza
Lúcia Lima – Serviço de Limpeza e Desinfecção de Coimbra

Motorista
Pedro Costa

Manutenção e apoio técnico
Marco Graça

Voluntários

O Anozero’21–22 agradece a todos os voluntários que disponibilizaram o seu tempo e força de vontade para abraçar este projeto.

Ana João Chaves Pires
Ana Caetano
Ana Meirelles Moutinho
Ana Paula Calmeiro
Beatriz Maçarico
Carolina França
Carolina Rodrigues
Daniela Carregado
Emily Romero
Francisco Monteiro
Gabriela Nogueira
Gonçalo Almeida
Hanna Coelho
Isabel Ferraz Branco
Joana Videira
João Jesus
José Antunes
Júlia Cordeiro
Lidia Maria Labianca
Lara Castro
Laura Vieira
Lúcia Lopes dos Santos
Lumena Quaresma
Madalena Bindzi
Mafalda Centeio
Maria Miranda
Maria Teresa Amaral
Nadine Benevides
Renan Alves de Souza
Rita Simões
Rute Souto
Samira Alves
Sofia Narciso
Sónia Freitas
Tomé Antunes
Victoria Lacerda